Há certas almas como as borboletas,
cuja fragilidade de asas não resiste
ao mais leve contato, que deixam ficar
pedaços pelos dedos que as tocam.
Em seu vôo de ideal, deslumbram
olhos, atraem as vistas:
perseguem-nas, alcançam-nas, detêm-nas
mas, quase sempre, por saciedade
ou piedade, libertam-nas outra vez.
Elas, porém, não voam como dantes, ficam
vazias de si mesmas, cheias de desalento...
Almas e borboletas, não fosse a tentação
das cousas raras; - o amor de néctar,
- o néctar do amor, e pairaríamos nos cimos
seduzindo do alto, admirando de longe!...
(Gilka Machado)
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