sábado, 9 de abril de 2011






''De além-horizonte norte e além-horizonte sul, de além-terra a além-mar, reina, calmo e sereno, o céu.











E reparei que o céu está sempre em movimento, mas nunca some.


Que, aconteça o que acontecer, o céu está sempre conosco.


Que o céu não pode ser afetado.


Meus problemas, para o céu, não existem, nunca existiram e nunca existirão.


Que o céu não interpreta o mal.


Que o céu não julga.


Que o céu, muito simplesmente, existe.


Existe, quer desejemos aceitar esse fato ou nos enterrar-nos debaixo de mil quilômetros de terra ou mais fundo ainda, sob o teto impenetrável da rotina.










- Ora, desça das nuvens, bote os pés no chão! – dizem as pessoas.


Mas, em ocasiões tão diversas quanto naquela praia deserta ou numa rua super movimentada, eu fui transportada do mais negro desespero para a liberdade.


Da irritação, da raiva e do medo para a constatação:


-Ora, que me importa? Eu sou feliz! Só por olhar o céu...


O céu não é Deus, mas para as pessoas que gostam de voar, o céu pode ser um símbolo de Deus e, pensando bem, até que um bom símbolo. ...


O céu está sempre lá em cima. Não pode ser enterrado, transladado, acorrentado, arrasado.


O céu existe, apenas, queiramos nós ou não, olhemos ou não para ele, amemo-lo ou odiemo-lo.


Existe: quieto, grande, presente.


O céu é uma coisa misteriosa. Está sempre se movendo, mas nunca desaparece.


Não liga, para nada que seja diferente dele.


O céu sempre existiu, sempre existirá.


O céu não entende o mal, não fica ofendido, não exige que façamos nada em especial, em nenhuma altura. Não é um bom símbolo de Deus? ''


























 Richard Bach

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