sexta-feira, 1 de abril de 2011




Sou assim



Duas de mim


Às vezes três


Quatro... cinco... seis


Sou uma por mês


Me diversifico


Tem horas que grito


Vivo num conflito


Mostro ao mundo minha dor


Outras horas, só sei falar de amor


A mais romântica


Melodramática


Estática


Chorosa e nervosa


Carente e decadente


Vingativa e inconseqüente


Aí quando menos me percebo


Me transformo em mulher cheia de medo


Cheia de reservas


Coberta de sutilezas


Séria e sem defesa


No minuto seguinte


No papel de mulher fatal


Viro logo a tal


Aí sou dona do mundo


Segura e destemida


Altiva e atrevida


Rasgo meus segredos ao meio


E exponho num roteiro


De poesia ou texto


Agrido, inflamo


Conto o que ninguém tem coragem de contar


Explico detalhes que é bom nem lembrar


Sou assim


Várias de mim


Sorriso por fora


Angústia toda hora


Por dentro um tormento


No rosto nenhum sofrimento


No corpo uma explosão de prazer


Nos olhos, meu desejo deixo perceber


Melhor nem me conhecer


Fique com minhas letras


Com as minhas palavras


Na vida real sou bem mais complicada


Sou mil


E quem tentou, descobriu


Que viver ao meu lado


É viver dentro de um campo minado


Prestes a explodir


Mas quem esteve nele


Nunca quis fugir"










(Silvana Duboc)

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